A ALT-Sociedade de História  Natural tem ao seu cuidado uma das maiores colecções paleontológicas de vertebrados do Jurássico Superior de Portugal, fruto de uma década de intervenções na  região Oeste, em particular no Concelho de Torres Vedras.
O registo de restos directos  de dinossauros de Portugal tem mostrado, nos últimos anos, que pode ser muito relevante  para o conhecimento de distintos aspectos da historia evolutiva do grupo e,  dada a posição da Península Ibérica, para a interpretação da distribuição de  alguns dos seus componentes. O registo fóssil português conta com  representantes de quase todos os grandes grupos de dinossauros (ornitópodes, tireóforos, terópodes e saurópodes) que são abundantes em alguns níveis sedimentares  da Bacia Lusitana, sobretudo no Jurássico Superior  (Kimmeridgiano-Titoniano) e que estão bem representados na Colecção de Referência da ALT-Sociedade de  História Natural. As zonas de Torres Vedras, Batalha, Pombal e Lourinhã têm  registado nos últimos anos várias ocorrências. O conjunto de ornitisquios está  composto por tireóforos, dos quais que se identificaram restos de três  estegossaurios (Dacentrurus, Miragaia y Stegosaurus, em Torres Vedras, Batalha e Lourinhã) e um anquilossaurio com  atribuição segura: Dracopelta.  Dracopelta é um dos anquilossaurios mais antigos que se conhecem e é o único  descrito até ao momento no Jurássico Superior da Península Ibérica. O seu registo restringe-se a um único exemplar procedente da Formação do Freixial (Titoniano), da Praia do Sul (Torres Vedras).
Neste contexto geológico  ocorrem ainda ornitópodes, como formas próximas aos tradicionais hipsilofodontideos e driosaurideos, e também mais frequentes camptosaurideos (Draconyx  e Camptosaurus). Recentemente foi apresentado no III Congresso Ibérico de Paleontologia/XXVI Jornadas da Sociedade Paleontológica Espanhola, que decorreu de 7 a 10 de Julho na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, um novo exemplar do género Camptosaurus e desconhecido no registo fóssil da Península Ibérica, pertencente à Colecção de Referência da ALT-SHN, e proveniente da Praia da Corva (Torres Vedras). Esta ocorrência assume particular relevância no que concerne ao registo de faunas partilhadas em formações geológicas sincrónicas dos EUA (Formação Morrison) e Portugal (Bacia Lusitana).
A ocorrência de saurópodes  está fundamentalmente composta por formas de eusauropodes basais (Lourinhasaurus), diplocodocoideos  (Dinheirosaurus) e titanosauriformes (Lusotitan), representando formas endémicas de Portugal. Mas também se reconheceu recentemente a presença de um  saurópode de distribuição ibérica, como Turiasarus, ficando por estabelecer a presença de algumas formas  compartilhadas com o registo fóssil de dinossauros da América do Norte, como Camarasaurus.  O conjunto de géneros de terópodes (carnívoros) portugueses está constituído pelo ceratossaurio Ceratosaurus, o espinossauroide Torvosaurus, pelos carnossaurios Lourinhanosaurus  e Allosaurus, e pelo tiranossauroide Aviatyrannis (Leiria).
A presença de  formas estreitamente relacionadas com faunas sincrónicas no registo norte-americano, em  simultâneo com formas endémicas e outras partilhadas pelo registo europeu, situam a Península Ibérica como um interessante cenário biogeográfico, cuja interpretação, apesar do importante aumento de informação que se tem  produzido nos últimos anos, está ainda muito dependente da interpretação das  relações de parentesco de muitos grupos representados. Os terópodes Lourinhanosaurus y Aviatyrannis são, de momento, exclusivos da Península Ibérica e Ceratosaurus y Torvosaurus seriam formas partilhadas (pelo menos a nível genérico) com o registo sincrónico de  América do Norte. A ocorrência de Allosaurus em Portugal é muito mais conclusiva. Surgindo inicialmente na jazida de  Andrés, Pombal, um novo exemplar de Allosaurus (ALTSHN-0019) foi descoberto em Torres Vedras, nas arribas da Praia de Cambelas, e cujo pé direito se pode ver actualmente na DINOEXPO em Castelo Branco.  A descrição destes exemplares constitui a primeira referência robusta de um allossaurídeo  na Europa, do género fora da América do Norte e de uma espécie de  dinossauro partilhada entre a Europa e os EUA. Os restos de Allosaurus  conhecem-se bem nas camadas sincrónicas da Formação Morrison nos Estados Unidos, mas o achado dos exemplares portugueses  sugere uma distribuição mais ampla da espécie ao largo da Laurasia. Esta presença  de faunas partilhadas levam a supor a existência de uma ligação terrestre, pontualmente emersa ao largo do proto - Atlântico Norte, e que  permitiria o intercâmbio de dinossauros entre os dois continentes. 
O presente texto é parte integrante do guião da exposição DINOEXPO, patente em Castelo Branco, referente aos materiais osteológicos da Colecção de Referência da ALT-SHN cedidos temporariamente para o evento, e é da autoria de membros do Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia: Francisco Ortega, Bruno Camilo Silva, Elisabete Malafaia, Fernando Escaso e Adán Pérez Garcia.
Para mais detalhes e abrangência sobre as faunas do Jurássico superior de Portugal, deixamos a referência dos seguintes artigos:
Ortega, F.; Escaso, F.; Gasulla, J.F.; Dantas, P.; Sanz, J.L.(2006): Dinosaurios de la Peninsula Ibérica , Estudios Geológicos, 62 (1), 219-240.
O presente texto é parte integrante do guião da exposição DINOEXPO, patente em Castelo Branco, referente aos materiais osteológicos da Colecção de Referência da ALT-SHN cedidos temporariamente para o evento, e é da autoria de membros do Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia: Francisco Ortega, Bruno Camilo Silva, Elisabete Malafaia, Fernando Escaso e Adán Pérez Garcia.
Para mais detalhes e abrangência sobre as faunas do Jurássico superior de Portugal, deixamos a referência dos seguintes artigos:
 
 
 
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