quinta-feira, 3 de maio de 2012

Palestra sobre dinossauros terópodes na Faculdade de Ciências da UL: Breve Resumo


Realizou-se no passado dia 26 de Abril mais uma sessão dos Colóquios de Paleontologia, uma iniciativa do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (GeoFCUL) e do Núcleo de Estudantes de Geologia (NEGFCUL). Estes colóquios têm vindo a reunir um número crescente de participantes e representam uma excelente oportunidade para a discussão e divulgação de conhecimento na área da paleontologia.
Nesta última sessão, levada a cabo pela paleontóloga Elisabete Malafaia (ALT-SHN), incidiu-se sobre os dinossáurios terópodes do Jurássico Superior português, apresentando-se uma síntese do conhecimento actual sobre o registo destes dinossáurios na Bacia Lusitânica. Neste colóquio foram discutidos aspectos relacionados com a interpretação tafonómica e paleoambiental resultante do estudo de material inédito.
Os terópodes do Jurássico Superior da Bacia Lusitânica são conhecidos actualmente em sedimentos de idade entre o Oxfordiano superior e o topo do Titoniano, embora sejam mais abundantes em níveis do Kimmeridgiano superior – Titoniano superior, sobretudo das formações de Alcobaça e Lourinhã. Este registo está composto, sobretudo, por um conjunto de táxones identificados a ceratossáurios e tetanuros (megalossáuroides e alossáuroides). Embora menos frequentes, são também conhecidos diversos exemplares interpretados como pequenos coelurosaurios, representados sobretudo por dentes isolados.
A identificação de diversos grupos de vertebrados continentais, em particular de dinossáurios, no registo do Jurássico Superior da Ibéria que correspondem a formas partilhadas com registos sincrónicos da América do Norte (e de forma mais excepcional com o registo africano) tem permitido justificar a existência de possíveis contactos entre as faunas desenvolvidas em ambos lados do Atlântico. Por outro lado, a actividade tectónica relacionada com a abertura do Atlântico Norte poderá ter sido determinante no desenvolvimento destes ecossistemas, por vicariância e consequente instalação de formas endémicas.        
Grande parte das colecções de restos osteológicos de dinossáurios do Jurássico Superior português conhecidas actualmente está composta por restos isolados. Uma vez que não existe legislação específica, estes restos são recolhidos, em muitos casos, por aficionados, geralmente coleccionadores de fósseis ou colectores ocasionais. A actividade destes colectores tem permitido recuperar diversos exemplares na faixa costeira do território, onde poderiam ser facilmente destruídos devido à erosão costeira ou pela acção de curiosos. Por outro lado, estes exemplares chegam ao paleontólogo fora do seu contexto estratigráfico e geológico. Embora por vezes seja possível identificar o local exacto e mesmo o nível sedimentar de onde são provenientes os restos, parte da informação tafonómica (orientação e posição dos ossos) fica perdida. A ausência destes dados dificulta a interpretação das jazidas sob um ponto de vista paleoambiental e tafonómico.  
Em conclusão, estas foram algumas das questões discutidas neste último colóquio de paleontologia que contou com cerca de 40 participantes, desde estudantes, professores universitários e elementos de instituições como o Portugal Natura.     

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