Realizou-se no passado dia 26 de
Abril mais uma sessão dos Colóquios de Paleontologia, uma iniciativa do
Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
(GeoFCUL) e do Núcleo de Estudantes de Geologia (NEGFCUL). Estes colóquios têm
vindo a reunir um número crescente de participantes e representam uma excelente
oportunidade para a discussão e divulgação de conhecimento na área da
paleontologia.
Nesta última sessão, levada a
cabo pela paleontóloga Elisabete Malafaia (ALT-SHN), incidiu-se sobre os
dinossáurios terópodes do Jurássico Superior português, apresentando-se uma
síntese do conhecimento actual sobre o registo destes dinossáurios na Bacia
Lusitânica. Neste colóquio foram discutidos aspectos relacionados com a
interpretação tafonómica e paleoambiental resultante do estudo de material
inédito.
Os terópodes do Jurássico
Superior da Bacia Lusitânica são conhecidos actualmente em sedimentos de idade
entre o Oxfordiano superior e o topo do Titoniano, embora sejam mais abundantes
em níveis do Kimmeridgiano superior – Titoniano superior, sobretudo das
formações de Alcobaça e Lourinhã. Este registo está composto, sobretudo, por um
conjunto de táxones identificados a ceratossáurios e tetanuros (megalossáuroides
e alossáuroides). Embora menos frequentes, são também conhecidos diversos
exemplares interpretados como pequenos coelurosaurios, representados sobretudo
por dentes isolados.
A identificação de diversos
grupos de vertebrados continentais, em particular de dinossáurios, no registo
do Jurássico Superior da Ibéria que correspondem a formas partilhadas com
registos sincrónicos da América do Norte (e de forma mais excepcional com o
registo africano) tem permitido justificar a existência de possíveis contactos
entre as faunas desenvolvidas em ambos lados do Atlântico. Por outro lado, a
actividade tectónica relacionada com a abertura do Atlântico Norte poderá ter
sido determinante no desenvolvimento destes ecossistemas, por vicariância e
consequente instalação de formas endémicas.
Grande parte das colecções de
restos osteológicos de dinossáurios do Jurássico Superior português conhecidas
actualmente está composta por restos isolados. Uma vez que não existe
legislação específica, estes restos são recolhidos, em muitos casos, por
aficionados, geralmente coleccionadores de fósseis ou colectores ocasionais. A
actividade destes colectores tem permitido recuperar diversos exemplares na
faixa costeira do território, onde poderiam ser facilmente destruídos devido à
erosão costeira ou pela acção de curiosos. Por outro lado, estes exemplares
chegam ao paleontólogo fora do seu contexto estratigráfico e geológico. Embora
por vezes seja possível identificar o local exacto e mesmo o nível sedimentar
de onde são provenientes os restos, parte da informação tafonómica (orientação
e posição dos ossos) fica perdida. A ausência destes dados dificulta a
interpretação das jazidas sob um ponto de vista paleoambiental e tafonómico.
Em conclusão, estas foram algumas
das questões discutidas neste último colóquio de paleontologia que contou com
cerca de 40 participantes, desde estudantes, professores universitários e
elementos de instituições como o Portugal Natura.
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