quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mais dados sobre a partilha de faunas entre Portugal e EUA durante o Jurássico superior e a sua paleoecologia

Acaba de ser publicado, no Journal of Iberian Geology, o artigo intitulado “Vertebrate fauna at the Allosaurus fossil-site of Andrés (Upper Jurassic), Pombal, Portugal.”
O trabalho consiste na análise preliminar da diversidade faunística conhecida, até ao momento, na jazida de Andrés. Esta jazida é conhecida desde a década de 1990 devido à descrição da primeira evidência robusta de um membro do género Allosaurus fora da América do Norte. Contudo, trabalhos de escavação mais recentes, realizados nos anos de 2005 e 2010, revelaram uma diversa fauna de vertebrados, incluindo peixes, esfenodontes, crocodilomorfos, pterosaurios e, pelo menos, sete formas distintas de dinossáurios. Os trabalhos resultaram também na descoberta de uma importante colecção de novos restos identificados a Allosaurus, nomeadamente abundantes elementos craniais. Estas novas evidências permitirão testar a hipótese filogenética apresentada previamente que relaciona os primeiros restos de terópode da jazida de Andrés à espécie A. fragilis.
Devido ás condições de preservação, diversidade e abundância de restos osteológicos, esta jazida constitui uma referência para o estudo dos vertebrados do Jurássico Superior português.

Estes trabalhos decorreram com a participação de elementos do Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia da ALT-Sociedade de História Natural.

 Na imagem, Elisabete Malafaia, do Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia da ALT-Sociedade de História Natural e bolseira de Doutoramento (MHNUL) no âmbito do projecto PTDC/ CTE-GEX/ 67723/ 2006 “Estudo da Fauna de Vertebrados do Jurássico Superior da Bacia Lusitânica e Implicações Paleobiogeográficas (VERT-JURA) financiado pela “Fundação para a Ciência e a Tecnologia” (Portugal), com material exumado da Jazida de Andrés.

Novo dinossauro de Torres Vedras reforça ideia de partilha de faunas entre Portugal e EUA durante o Jurássico Superior

De 10 a 13 de Outubro realizou-se na cidade de Pittsburgh (Pensilvania, Estados Unidos) o 70th Annual Meeting Society of Vertebrate Paleontology. Nesta reunião científica, em concreto na sessão de quarta-feira (dia 13), foi apresentada uma primeira aproximação a um novo tipo de ornitópode camptosaurídeo do Jurássico Superior de Torres Vedras (Bacia Lusitaniana, Portugal) e as suas relações de parentesco com os membros desta linhagem da América do Norte. O espécime em questão, da Colecção de Referência da ALT-Sociedade de História Natural (ALTSHN.0015), é atribuída a Camptosaurus aphanoecets, recentemente descrita (Carpenter & Wilson, 2008) na Morrison Formation (EUA). Uma vez mais, Portugal e a Península Ibérica (em particular com a presença do dinossauro saurópode espanhol Turiasaurus em Torres Vedras e Lourinhã, Portugal) apresentam-se como um espectacular cenário biogeográfico, com faunas de dinossauros endémicas e partilhadas com a América do Norte.
A presença de formas estreitamente relacionadas com faunas sincrónicas no registo norte-americano, em simultâneo com formas endémicas e outras partilhadas pelo registo europeu, está ainda muito dependente da interpretação das relações de parentesco de muitos grupos representados. Os terópodes Lourinhanosaurus e Aviatyrannis são, de momento, exclusivos da Península Ibérica e Ceratosaurus e Torvosaurus seriam formas partilhadas (pelo menos a nível genérico) com o registo sincrónico de América do Norte. A ocorrência de Allosaurus em Portugal é muito mais conclusiva. Surgindo  em Pombal e em Torres Vedras (nas arribas da Praia de Cambelas), a descrição destes exemplares constitui a primeira referência robusta de um allossaurídeo na Europa, do género fora da América do Norte e de uma espécie de dinossauro partilhada entre a Europa e os EUA. Os restos de Allosaurus conhecem-se bem nas camadas sincrónicas da Formação Morrison nos Estados Unidos, mas o achado dos exemplares portugueses sugere uma distribuição mais ampla da espécie ao largo da Laurasia. Esta presença de faunas partilhadas levam a supor a existência de uma ligação terrestre, pontualmente emersa ao largo do proto - Atlântico Norte, e que permitiria o intercâmbio de dinossauros entre os dois continentes. A estas espécies, juntam-se ainda Stegosaurus armatus de Casal Novo (Batalha). 

Estes trabalhos de investigação científica foram apoiados pela Câmara Municipal de Torres Vedras, pela Empresa Ângelo Custódio Rodrigues S.A, (a ambos agradecemos este profícuo e exemplar apoio) e financiados pelo projecto PTDC/ CTE-GEX/ 67723/ 2006 “Estudo da Fauna de Vertebrados do Jurássico Superior da Bacia Lusitânica e Implicações Paleobiogeográficas (VERT-JURA) da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
 


1ª Circular do IX Encontro de Jovens Investigadores em Paleontologia

Dois anos após a realização do VII EJIP em Torres Vedras (o primeiro fora de Espanha), numa co-organização da ALT-Sociedade de História Natural e na sequência do qual foi lançado o nº 1 da Revista Paleolusitana: Revista da Paleontologia e Paleoecologia, eis que surge a 1ª Circular da IX Edição do Congresso, que se realizará este ano em Catellón (Morella, Espanha), de 10 a 14 de Maio de 2011. Mais informações sobre o evento poderão ser obtidas em http://ixejip.blogspot.com ou pelo email ixejip@gmail.com. 

Relembramos que o Encontro de Jovens Investigadores em Paleontologia (EJIP) é uma reunião anual, cujo objectivo principal é a difusão, entre os estudantes do primeiro a terceiro ciclo, dos conhecimentos e estudos relacionados com qualquer âmbito desta área científica. Neste congresso pretende-se dar a conhecer através de apresentações plenárias, partilhadas por investigadores de reconhecido prestigio, e mediante a participação de jovens investigadores em formação, as distintas linhas tanto de investigação  bem como de difusão da Paleontologia.
Portanto, este congresso é organizado por e para jovens em fase de estudo ou  nas primeiras etapas da sua carreira como investigadores, apoiados por Instituições de relevância na investigação científica da paleontologia.
 A ALT-Sociedade de História Natural deseja o maior sucesso deste IX EJIP, desejando que muito outros se realizem, aumentando o seu espectro internacional.