quarta-feira, 7 de maio de 2014

Nova informação sobre o dinossauro carnívoro Ceratosaurus do Jurássico Superior de Portugal

A revista Historical Biology apresenta hoje um novo estudo sobre os grandes dinossauros carnívoros que viveram em Portugal há cerca de 140 milhões de anos.
Apesar de estar já documentada a presença em Portugal de dinossauros típicos do Jurássico Superior norte-americano, incluindo Allosaurus, Torvosaurus e Ceratosaurus, o seu conhecimento aumentou significativamente nos últimos anos. 
 Elisabete Malafaia, uma das autoras do artigo, durante
os trabalhos de investigação no
Laboratório de Paleontologia da
Sociedade de História Natural em Torres Vedras.
Por exemplo, a presença de um dinossauro terópode estreitamente relacionado ao género Ceratosaurus do oeste dos Estados Unidos, tinha sido previamente proposta com base em escassos elementos de um único indivíduo, descrito no ano 2000 e alguns dentes isolados. Recentemente, na sequência da revisão das colecções de paleontologia da Sociedade de História Natural (SHN), em Torres Vedras, foram encontrados novos restos que podem ser atribuídos a este dinossauro carnívoro. Os restos agora reconhecidos foram recolhidos na praia de Valmitão (Lourinhã) e faziam parte de uma colecção particular, recentemente entregue à tutela da SHN. O decorrer deste estudo, liderado pela investigadora da SHN e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Elisabete Malafaia, permitiu verificar que os exemplares são provenientes da mesma localidade que o conjunto de fósseis identificado no ano 2000 a Ceratosaurus. Para além disso, ao medir detalhadamente os ossos agora encontrados, verificou-se que têm dimensões e morfologias muito semelhantes às do indivíduo previamente descrito. Isto levou a pensar que ambos exemplares poderão pertencer ao mesmo animal. Assim, este estudo permitiu relacionar duas partes do mesmo dinossauro, recolhidas na mesma localidade mas em diferentes momentos e depositados em distintas instituições.
No seu conjunto, o exemplar previamente descrito e o material agora identificado, constituem o registo mais completo de ceratossáurios na Península Ibérica e o mais completo registo do género Ceratosaurus fora da América do Norte. Assim, os fósseis portugueses acrescentam informação importante para o conhecimento da evolução paleobiogeográfica deste grupo de terópodes e para testar de que forma essa evolução foi afectada pela abertura do Atlântico Norte. O estudo agora publicado constitui uma nova evidências de que a distribuição de Ceratosaurus se estendeu para além do território que corresponde actualmente à América do Norte até à Europa. Previamente, foram notadas algumas diferenças entre os exemplares portugueses e as formas norte-americanas de Ceratosaurus que deverão ser reavaliadas quando se descobrir novo material.

Elementos apendiculares (fémur e tíbia)
identificados a 
Ceratosaurus e
descritos no trabalho. 
Nas últimas décadas, tem-se vindo a reconhecer uma grande similaridade, em determinados grupos de dinossauros, entre a Formação de Morrison, no oeste da América do Norte e Portugal, resultante, provavelmente, de um cenário de separação (vicariância) incipiente das populações de vertebrados em ambos os continentes, provocada pela relativamente recente abertura do sector norte do Atlântico. Estes processos de vicariância poderão ter-se manifestado de diferentes formas em distintos grupos de organismos, justificando a combinação de formas partilhadas e endémicas actualmente conhecida no registo do Jurássico Superior português.
Este estudo foi desenvolvido por investigadores de diferentes instituições que formamo grupo de investigação da Sociedade de História Natural de Torres Vedras e que envolvem a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o Grupo de Biología Evolutiva da UNED de Madrid.

Aqui fica o link para o artigo: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08912963.2014.915820?queryID=%24%7BresultBean.queryID%7D&#.U2vOp5BDs5I


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