Durante o Jurássico Superior de Europa está identificado
um grupo de tartarugas exclusivas deste continente: Plesiochelyidae. Estas tartarugas
viviam em ambientes marinhos costeiros, já que as suas extremidades estavam bem
adaptadas a esse meio, mas não para atravessar grandes massas oceânicas, como
fazem as tartarugas marinhas actuais. Por esse motivo, estavam restringidas à
Europa. Devido à sua estreita vinculação a esses ambientes costeiros, este
grupo extinguiu-se no final do Jurássico, momento no qual ocorreram importantes
alterações no nível do mar, afectando os ecossistemas em que viviam.
Os plesioquélidos são muito abundantes no registo
europeu, onde estariam representados por vários táxones. De facto, os dois
géneros melhor conhecidos, Plesiochelys
e Craspedochelys, formam parte da
fauna de répteis jurássicos identificados em Portugal. Conforme costuma ocorrer
nas tartarugas, a região dorsal da sua carapaça tem forma de abóboda, sendo a
de Plesiochelys notavelmente mais
comprida que larga, mas reconhecendo-se como muito larga no caso de Craspedochelys. No entanto, existe um
plesioquélido muito peculiar, até agora muito mal conhecido, descrito apenas na
Europa Central. Trata-se de Tropidemys,
uma tartaruga com uma curiosa carapaça, já que tem uma marcada cresta sagital
que percorre desde a região anterior até à posterior. A informação sobre esta
forma estava praticamente restringida à Suíça e Alemanha. Um trabalho
recentemente publicado por Adán Pérez-Garcia (Investigador da SHN e do
Instituto D. Luís da Universidade de Lisboa), aporta novos dados sobre a
diversidade e distribuição paleogeográfica de Tropidemys. Por um lado, Tropidemys
é reconhecida na Grã-Bretanha, propondo-se uma nova combinação (Tropidemys blakii), correspondente a uns
fósseis já descritos, de maneira muito preliminar, há cerca de um século e meio,
mas até agora geralmente ignorados. Por outro, Tropidemys é reconhecido em Portugal. Concretamente, identificou-se
um exemplar procedente de Praia Azul (Torres Vedras), nas colecções
paleontológicas da SHN. Assim, não só se reconhece uma ampla área de
distribuição para Tropidemys, mas
também que se regista uma elevada diversidade de tartarugas marinhas litorais
no Jurássico Superior de Portugal e, mais concretamente, nos níveis sedimentares
de Torres Vedras.
Abstract
The record of coastal marine turtles belonging to Plesiochelyidae is abundant in the Late Jurassic of Portugal. The material analyzed thus far has been attributed to two taxa: Plesiochelys and Craspedochelys. A specimen is presented here that allows extending the known diversity of Portuguese Jurassic turtles. It is attributed to Tropidemys. Although this taxon is relatively well known in the Kimmeridgian record of Switzerland and Germany, no specific allocation performed outside these countries can be, so far, confirmed. The detailed study of the poorly known British taxon “Pelobatochelys” blakii allows its specific validity to be confirmed here, being recognized as a member of Tropidemys. The revision of this species and the analysis of the new Portuguese specimen allow extending the knowledge regarding the genus Tropidemys.
Referencia: Pérez-García, A.
2015. Revision of the British record of Tropidemys
(Testudines, Plesiochelyidae) and recognition of its presence in the Late
Jurassic of Portugal. Journal of Iberian Geology 41: 11-20.
Download paper: http://www.shn.pt/#!artigos-cientficos/c1sy0
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